Em uma entrevista publicada esta semana pela revista Time, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, delineou sua visão para um eventual segundo mandato, abordando uma série de medidas controversas que incluem a mobilização do Exército para deportações em massa de migrantes, autorização para estados proibirem o aborto e a condicionalidade da ajuda militar para países aliados.
Durante a entrevista, conduzida em duas partes, uma presencial em sua residência na Flórida e outra por telefone, Trump expressou suas intenções caso seja reeleito, destacando questões como imigração, aborto, economia e política externa.
Em relação à imigração, um dos pontos centrais de seu discurso, Trump reiterou sua intenção de realizar deportações em larga escala de imigrantes ilegais, afirmando que pretende deportar mais de 11 milhões de pessoas:
“A Guarda Nacional deveria poder fazer isso. Se não puderem, eu usaria o Exército”, afirmou à revista Time. “Eles não são civis. São pessoas que não estão legalmente em nosso país. Isso é uma invasão”, enfatizou, após um entrevistador lembrar que as leis locais impedem o uso das Forças Armadas contra a população civil em solo americano.
Além disso, Trump sugeriu a possibilidade de criar campos de detenção para migrantes, embora tenha expressado confiança de que seu plano de deportação seria eficaz o suficiente para evitar essa medida extrema.
Sobre o tema do aborto, outro assunto polêmico nos Estados Unidos, Trump evitou uma resposta direta quando questionado sobre a possibilidade de vetar leis estaduais que restrinjam o direito ao aborto:
“Não tenho de vetá-la porque agora tudo volta para os estados”, disse o ex-presidente, em referência à sentença de 2022 da Suprema Corte, que pôs fim à proteção federal do direito ao aborto e devolveu essa competência aos governos estaduais.
Quando confrontado com a perspectiva de os estados monitorarem a gestação das mulheres para garantir o cumprimento das leis antiaborto, Trump afirmou que acredita que essa prática seria possível:
“Acredito que poderiam fazê-lo.”
Em termos de política externa e economia, Trump sugeriu a imposição de tarifas alfandegárias de mais de 10% sobre todas as importações e condicionou a ajuda militar à Ucrânia ao esforço europeu na região. Ele também indicou que países aliados, como a Coreia do Sul, deveriam arcar com mais custos pela presença de tropas americanas em seus territórios.
Quando questionado sobre a possibilidade de perdão presidencial para os envolvidos no ataque ao Capitólio em janeiro de 2021, Trump afirmou estar “absolutamente” disposto a concedê-lo:
“Acho que teremos uma grande vitória e não haverá violência”, declarou em relação às eleições futuras.
Apesar das alegações de fraude eleitoral e de sua não reconhecimento da vitória de seu adversário em 2020, Trump afirmou estar confiante em seus planos futuros e sugeriu uma série de medidas radicais que moldariam seu eventual segundo mandato, caso vença as eleições.