O Brasil registrou uma queda de 3,4% no índice de mortes violentas intencionais em 2023, comparado ao ano anterior, conforme os dados divulgados nesta quinta-feira (18) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Apesar dessa redução, o país ainda apresenta uma taxa alarmante de 22 mortes a cada 100 mil habitantes, muito acima da recomendação da ONU de 5,8 mortes por 100 mil habitantes.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou que o número total de mortes violentas no país em 2022 ultrapassou 46 mil, englobando homicídios, latrocínios e mortes decorrentes de ações policiais. Especialistas alertam que, apesar da diminuição percentual, os números continuam altos, refletindo um cenário de violência persistente.
David Marques, coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca a necessidade de uma abordagem mais eficaz contra o crime organizado. Segundo ele, a solução atual, que se baseia em uma atuação repressiva da Polícia Militar, tem mostrado resultados insatisfatórios e apenas perpetua o ciclo de violência. Marques defende uma estratégia mais inteligente e colaborativa, envolvendo o poder público e privado, para enfraquecer as organizações criminosas.
Outra tendência preocupante identificada pelo anuário é a migração da criminalidade para o ambiente digital. Desde 2018, houve uma redução nos crimes ocorridos nas ruas e contra estabelecimentos, como furtos e roubos. No entanto, os estelionatos aumentaram mais de 360% no mesmo período. Em 2023, foram registrados mais de 1,9 milhões de casos de estelionato, o que equivale a um golpe a cada 16 segundos no país. Marques sugere que o poder público deve investir em segurança digital e capacitar suas forças policiais para lidar com esses crimes.
O anuário também destaca o aumento de crimes contra mulheres, como feminicídios, agressões, abusos, stalking e violência doméstica. Esse aumento pode ser atribuído tanto ao crescimento das denúncias quanto ao aumento real dos crimes. Marques enfatiza a necessidade de uma mudança cultural na mentalidade masculina para reduzir a violência contra as mulheres. “É crucial que os homens reconheçam e abandonem comportamentos violentos, e que haja uma transformação na forma como a violência contra as mulheres é percebida e tratada”, afirma.
Para mais detalhes, a íntegra do anuário está disponível no site do Fórum Brasileiro de Segurança Pública: forumseguranca.org.br
