Fabrício Queiroz, figura central no escândalo das rachadinhas envolvendo o senador Flávio Bolsonaro, trouxe à tona seu desapontamento e alegações de ingratidão por parte da família do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ex-policial militar, que ganhou notoriedade pelas acusações de controlar o esquema, expressou sua frustração por não ter recebido apoio durante sua tentativa de se eleger deputado estadual no Rio de Janeiro no ano passado.
Queiroz, em sua entrevista com a Veja, não hesitou em expor seu sentimento de abandono pela família Bolsonaro, destacando seu histórico de favores prestados à família, como hospedar Jair Renan e a filha de Michelle Bolsonaro, sem receber qualquer reconhecimento em troca.
Ao ser questionado sobre seu relacionamento com o ex-presidente, Queiroz declarou: “Bolsonaro foi presidente da República. Poderia arrumar algum lugar para eu trabalhar. Até mesmo se eu fosse bandido, não deveriam me abandonar. Mas não tem mágoa com a família nesse sentido. Mas a gente vê o que acontece quando tem ingratidão. O castigo vem a cavalo.”
O ex-assessor, que não tem mantido contato com membros da família Bolsonaro desde o ano passado, quando ainda planejava sua candidatura a deputado estadual, revelou detalhes sobre a eleição de 2022. Durante a disputa, o boletim de urna de Jair Bolsonaro na Vila Militar não registrou nenhum voto para Queiroz, que recebeu um total de 6.701 votos.
Queiroz comentou sobre a possível influência do ex-presidente em sua campanha: “Se o Jair acenasse para mim com alguma coisa, com certeza eu seria deputado estadual hoje. Agora, eles seguem a vida deles lá, estão numa fogueira danada. Pelo que conheço, acho que o Jair se arrepende de ter sido presidente.”
O ex-assessor também abordou o anúncio de Jair Bolsonaro sobre cortar relações, mencionando que muitas pessoas o consideram ingrato. Sobre possíveis segredos que poderiam comprometer a família do ex-presidente, Queiroz afirmou não ter nada a declarar, assegurando que a família Bolsonaro não é melhor que a sua.
Em um momento intrigante da entrevista, Queiroz descreveu a família Bolsonaro como pessoas que “valorizam aqueles que os traem,” adicionando: “O Jair não votou em mim no ano passado. Devia ter outros candidatos melhores do que eu.”
Em uma reviravolta, Queiroz elogiou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comparando-o favoravelmente a Bolsonaro: “Ele mesmo (Bolsonaro) sempre me falava isso: ‘No dia em que eu deixar de ser eleito é porque apareceu outro melhor’. Então Lula é melhor do que ele, porque foi eleito.”
A entrevista de Queiroz não apenas revela as tensões e descontentamentos entre ele e a família Bolsonaro, mas também lança questionamentos sobre lealdade, ingratidão e os bastidores políticos envolvendo figuras-chave no cenário político brasileiro.