Declarações sobre questões fiscais e projeções de inflação impulsionam o país de volta ao topo do ranking global de juros reais.
O Brasil reassumiu o posto de país com a maior taxa de juros reais do mundo nesta quarta-feira (1º), mesmo após o anúncio de um novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). De acordo com o levantamento do MoneYou, os juros reais no país agora atingem 6,90%, colocando o Brasil novamente no topo do ranking. Em segundo lugar encontra-se o México, com uma taxa real de 6,89%.
A taxa de juros real é calculada subtraindo-se a taxa de juros nominal da expectativa de inflação para os próximos 12 meses. Essa métrica é fundamental para compreender o retorno real dos investimentos, levando em conta a variação de preços no período.
A volta do Brasil ao primeiro lugar no ranking é um reflexo da abertura das curvas de juros futuros, influenciada pelas recentes declarações do governo sobre a situação fiscal do país. Além disso, projeções mais otimistas para a inflação também contribuíram para a ascensão do Brasil no ranking global.
Enquanto o Brasil recupera a liderança, a Argentina ocupa a posição oposta. Apesar de apresentar as maiores taxas nominais da lista (133% ao ano), o país enfrenta um cenário de hiperinflação, o que acaba reduzindo as taxas reais.
O Copom anunciou, nesta quarta-feira (1º), o terceiro corte consecutivo na taxa básica de juros, totalizando 0,50 ponto percentual. Com a redução, a Selic agora está em 12,25% ao ano, após permanecer em 13,75% ao ano por cerca de um ano.
A volta do Brasil ao topo do ranking de maiores juros reais do mundo é explicada por dois fatores, conforme apontado pelo MoneYou:
- Declarações recentes do governo sobre a questão fiscal.
- Projeções mais baixas de inflação para o país.
As afirmações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que será “dificilmente” possível atingir a meta de déficit zero em 2024 aumentaram as incertezas do mercado. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem defendido a adoção de medidas para alcançar a meta, vem sendo questionado sobre o tema. A ala política do governo defende a alteração da meta, temendo o impacto das restrições nas contas públicas no próximo ano.
É importante destacar que ao considerar os juros nominais (sem descontar a inflação), o Brasil mantém a 6ª posição, com uma taxa de 12,25%. A Argentina lidera essa lista com 133%, seguida por Turquia (35%), Hungria (13%), Colômbia (13,25%) e Rússia (15%). Essa dinâmica na taxa de juros tem impactos significativos em diversos setores da economia, desde investimentos e financiamentos até o consumo e a poupança. Portanto, o cenário econômico nacional e as políticas monetárias continuam a ser pontos de atenção para os agentes econômicos e investidores.
Juros nominais
Considerando os juros nominais (sem descontar a inflação), a taxa brasileira seguiu na 6ª posição.
Veja abaixo:
- Argentina: 133%
- Turquia: 35%
- Hungria: 13%
- Colômbia: 13,25%
- Rússia: 15%
- Brasil: 12,25%
- México: 11,25%
- Chile: 9%
- África do Sul: 8,25%
- República Checa: 7%
- Filipinas: 6,50%
- Indonésia: 6%
- Polônia: 5,75%
- Hong Kong: 5,75%
- Estados Unidos: 5,50%
- Reino Unido: 5,25%
- Índia: 5,40%
- Canadá: 5%
- Israel: 4,75%
- Alemanha: 4,50%
- Áustria: 4,50%
- Espanha: 4,50%
- Grécia: 4,50%
- Holanda: 4,50%
- Portugal: 4,50%
- Suécia: 4,50%
- Bélgica: 4,50%
- França: 4,50%
- Itália: 4,50%
- China: 4,35%
- Austrália: 4,10%
- Singapura: 3,82%
- Dinamarca: 3,60%
- Coreia do Sul: 3,50%
- Malásia: 3%
- Tailândia: 2,56%
- Taiwan: 1,88%
- Nova Zelândia: 0%
- Japão: -0,10%
- Suíça: -0,75%