COBERTURA VEGETAL EM ÁREAS URBANAS DO BRASIL É INSUFICIENTE, ALERTA ESTUDO DO MAPBIOMAS

Apenas 6,9% das áreas urbanas do Brasil são cobertas por vegetação, conforme revela um estudo divulgado pelo MapBiomas nesta quinta-feira (18). Esse índice equivale a 283,7 mil hectares, o que representa metade da extensão territorial do Distrito Federal. A pesquisa, realizada com o auxílio de imagens de satélites, revela que a cobertura verde é bem abaixo do ideal recomendado.

De acordo com Julio Pedrassoli, coordenador da Equipe Urbano do MapBiomas, a proporção atual de vegetação nas áreas urbanas é inadequada. A Sociedade Brasileira de Arborização Urbana recomenda uma cobertura verde de 15 metros quadrados (m²) por habitante, mas os dados do MapBiomas mostram uma média de apenas 13 m² por habitante. Pedrassoli destaca que a distribuição desigual da vegetação pode agravar ainda mais a situação, resultando em aumentos nas temperaturas locais, uma vez que áreas urbanas com menos de 30% de vegetação enfrentam elevações nas temperaturas.

O estudo também aponta que a vegetação urbana desempenha um papel crucial na regulação do microclima, na drenagem e como habitat para a fauna urbana. Além disso, proporciona espaços para lazer e atividades físicas, beneficiando o bem-estar humano.

Dados da Pesquisa

Os dados foram obtidos através da análise de imagens de satélites e incluem vegetação rasteira, trepadeiras e árvores de diversos tamanhos. O levantamento abrange parques, praças, unidades de conservação, Áreas de Preservação Permanente (APP), jardins, cemitérios, campos esportivos, hortas, calçadas e canteiros, telhados e paredes verdes, e áreas abandonadas. A delimitação das áreas urbanas foi feita com base em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo revela que o bioma Mata Atlântica abriga 61,5% da vegetação urbana no país, seguido pelo Cerrado (22%), Amazônia (6,6%), Caatinga (5,7%), Pampa (4%) e Pantanal (0,2%). As praças e parques estão presentes em 88% dos municípios brasileiros, com 55% localizados na Mata Atlântica.

Proporções Estaduais e Municipais

O Rio de Janeiro lidera com a maior proporção de área urbana coberta por vegetação, com 13,1%, seguido pelo Distrito Federal (10,1%) e São Paulo (7,8%). No Norte do Brasil, os menores índices são encontrados no Amapá (2,6%), Roraima (3%) e Rondônia (3,1%).

Entre as cidades, Mesquita (65,99%), Nilópolis (48,38%) e Nova Iguaçu (35,68%) no Rio de Janeiro apresentam a maior parcela de vegetação urbana, beneficiadas pelo Parque do Mendanha, uma área de Mata Atlântica. A cidade do Rio de Janeiro possui a maior área de Mata Atlântica em zonas urbanas, totalizando 12,3 mil hectares.

Desafios e Recomendações

Julio Pedrassoli ressalta que a baixa cobertura de vegetação dificulta a adaptação às mudanças climáticas. Ele defende a preservação das áreas verdes existentes e a promoção de uma distribuição equitativa da vegetação. Pedrassoli também destaca a importância de aumentar a quantidade de vegetação por habitante para atender aos padrões mínimos recomendados.

O MapBiomas está desenvolvendo uma série temporal para monitorar a cobertura vegetal nos municípios, permitindo a análise de perdas e ganhos de áreas verdes e seus impactos. “Associar essas mudanças ao longo do tempo com áreas de risco e eventos extremos ajudará a entender melhor o que as cidades estão perdendo ao não tratar as áreas verdes como infraestrutura essencial”, conclui Pedrassoli.

A íntegra do estudo está disponível no site do MapBiomas.
 

© Tomaz Silva/Agência Brasil