DISPAROU: COMO O PREÇO DO CACAU AFETA PRODUTORES E CONSUMIDORES

A alta nos preços do cacau e do café impulsionou o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) a registrar um aumento de 0,31% em abril, revertendo o declínio de março, de acordo com dados divulgados pelo FGV Ibre nesta segunda-feira. Embora o indicador ainda esteja em terreno negativo para o ano, com uma variação de -0,60%, economistas preveem uma tendência de alta no futuro, devido às incertezas tanto no cenário nacional quanto no internacional.

O aumento significativo nos preços do cacau, em 63%, e do café, em 9,57%, junto com a pressão sobre os preços dos alimentos in natura, foram os principais impulsionadores dessa mudança no IGP-M. O momento prévio à Páscoa testemunhou condições climáticas adversas que afetaram a produção de cacau. Plantar cacau tornou-se mais rentável para os produtores do sul e oeste da Bahia, com valorização de 56% no mercado internacional nos dois primeiros meses deste ano.

No entanto, esse aumento no preço do cacau pode representar um desafio para os consumidores na época da Páscoa. A valorização do cacau depende da relação entre oferta e demanda, e a escassez do produto combinada com a crescente demanda, especialmente de países como a China, contribui para o aumento dos preços. Condições climáticas desfavoráveis e eventos como o La Niña no ano passado prejudicaram as lavouras dos maiores produtores de cacau, Costa do Marfim e Gana.

Como resultado, o preço do cacau atingiu níveis históricos, com um aumento de mais de 2,7% na quantidade ofertada no ano passado. Enquanto o arroba do cacau comum é vendido por R$ 460 na Bahia, o cacau fino pode chegar a custar até R$ 1.500. Isso representa uma oportunidade para os produtores investirem nesse mercado, mas também coloca pressão sobre os pequenos chocolateiros do sul da Bahia.

Enquanto os produtores enfrentam o dilema de aumentar os preços dos chocolates artesanais para compensar o aumento do custo da matéria-prima, os consumidores podem se deparar com preços mais altos nas prateleiras. A perspectiva internacional não é otimista, com previsões de uma redução de quase 11% na oferta global de cacau na próxima safra, de acordo com a Organização Internacional do Cacau (ICCO).

Diante desse cenário desafiador, produtores e chocolateiros estão avaliando cuidadosamente como lidar com os aumentos de preços, equilibrando a necessidade de sustentabilidade financeira com a manutenção da competitividade no mercado.

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