A Justiça Eleitoral da Argentina iniciou uma investigação para apurar as acusações de venda de candidaturas feitas contra o deputado Javier Milei, candidato de extrema-direita à presidência do país. A investigação preliminar teve início nesta quinta-feira, dia 6.
Segundo as denúncias, Milei, que lidera a coalizão Liberdade Avança, estaria cobrando valores em dólares para indicar candidatos aos cargos de governador, prefeito e vereador pelo partido. Juan Carlos Blumberg, ex-aliado do deputado, juntamente com candidatos da Liberdade Avança às prefeituras de Tigre, Quilmes e Vicente López, são os principais denunciantes. Carlos Enguía, candidato a governador na província de Neuquén, também está entre os denunciantes.
Embora as denúncias não sejam recentes, ganharam força nos últimos dias, especialmente após Blumberg acusar Milei, sua irmã Karina e assessores de exigirem até 50 mil dólares para uma candidatura na província de Buenos Aires. Outro ex-aliado, Carlos Maslatón, afirmou que o político pode ter arrecadado entre 3 e 10 milhões de dólares com a suposta venda de candidaturas.
No entanto, Milei nega veementemente as acusações. Em suas redes sociais, o deputado declarou que cada um autofinancia sua própria campanha na coalizão, financiando-a com seu próprio dinheiro e esforço. Ele afirma que essa prática incomoda políticos tradicionais, que se financiam com o dinheiro dos impostos. Milei anunciou que levará os denunciantes à justiça e critica o sistema corrupto em que as pessoas têm que pagar pelas loucuras dos políticos.
As denúncias têm repercutido na imprensa argentina, sendo relatados casos em que a legenda de Milei teria cobrado até 60 mil dólares por uma candidatura à prefeitura de Avellaneda. Um áudio divulgado pelo jornal La Nación mostra um candidato de Entre Ríos admitindo a existência do esquema, revelando que valores entre 10 mil e 40 mil dólares eram cobrados, dependendo do cargo pretendido.
Javier Milei, eleito deputado por Buenos Aires em 2018, se apresenta como candidato à presidência argentina com uma proposta “anarcocapitalista”. Entre suas propostas para a economia do país, que enfrenta uma severa crise, está a dolarização. Ele critica a política tradicional argentina e se apresenta como uma figura distante do sistema.
Embora Milei tenha liderado as pesquisas de intenção de voto quando os partidos ainda estavam definindo seus candidatos para as primárias argentinas, os resultados recentes das eleições provinciais não têm sido favoráveis para a coalizão de Milei. As primárias na Argentina estão agendadas para 13 de agosto, com Sergio Massa como candidato da situação. A oposição macrista está dividida entre Horacio Larreta e Patricia Bullrich. O primeiro turno das eleições ocorrerá em 22 de outubro, e o segundo turno, se necessário, será em 19 de novembro.