Moradores protestam contra a violência policial em São Gonçalo do Retiro
Na noite de quinta-feira (6), um homem foi morto a tiros ao sair de casa para comprar pão no bairro de São Gonçalo do Retiro, em Salvador. Familiares da vítima afirmam que o caso ocorreu durante uma perseguição policial, na qual os policiais militares atiraram em suspeitos.
Após o crime, mais de 100 pessoas realizaram um protesto no bairro onde a vítima residia. Os familiares carregavam a farda, a carteira de trabalho e a bolsa de Antônio César Caldas de Assis, que trabalhava na construção civil.
Segundo relatos dos familiares, Antônio havia acabado de chegar do trabalho e foi até a padaria comprar pão. Durante o protesto, sua irmã, Rosileide Barbosa, ressaltou que ele era uma pessoa cristã, sem envolvimento com atividades ilícitas e que não consumia álcool ou cigarros.
Os moradores também contestam a versão de que houve troca de tiros entre os suspeitos e os policiais, alegando que a vítima foi atingida por disparos feitos pela polícia.
A costureira Tâmara Cavalcante relatou que a viatura policial parou na esquina, olhou para o beco e disparou três tiros contra um pai de família que voltava do trabalho. Ela expressou cansaço com a violência recorrente na região e questionou o papel da polícia em comunidades como essa.
O major Luciano Jorge, comandante da 48ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), afirmou que os policiais envolvidos na ação não atiraram nos suspeitos e que será realizada uma perícia para esclarecer a origem dos disparos.
O protesto foi marcado por barricadas de pneus e troncos de árvores incendiados, que foram apagados pelos bombeiros. A Polícia Civil realizou a perícia no local onde a vítima residia e faleceu.
São Gonçalo do Retiro é um bairro populoso, próximo à BR-324 e a outros bairros como Cabula e Engomadeira. Segundo os moradores, outros casos semelhantes já ocorreram na região.
Os relatos de abusos policiais e a sensação de falta de segurança e liberdade são expressos pelos moradores, que se sentem reféns da polícia. A aposentada Ana Cristina mencionou que há quatro meses seu sobrinho também foi morto e que as ações policiais costumam ser violentas e invasivas nas comunidades.