Nesta terça-feira (4), o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, chamou a atenção ao não assinar o comunicado final da reunião da Cúpula do Mercosul, realizada em Puerto Iguazú, Argentina. Enquanto Brasil, Argentina e Paraguai, os demais países fundadores, firmaram o documento, o governo uruguaio optou por adotar um texto próprio, revelando divergências com os parceiros.
A principal discordância diz respeito à modernização do bloco, com o presidente Lacalle Pou defendendo a formação de uma zona de livre comércio. Na prática, o Uruguai busca flexibilizar o Tratado de Assunção, que estabeleceu a criação do Mercosul, permitindo que cada país membro possa fechar acordos bilaterais sem a necessidade do consentimento dos demais membros.
Enquanto isso, os demais governos do bloco defendem uma modernização que fortaleça a agenda interna e promova uma maior integração econômica, além de incluir uma estratégia de inserção internacional para enfrentar os desafios de um cenário mundial em constante transformação.
Essa postura do Uruguai não é uma novidade, uma vez que o país já havia se abstido de assinar o documento final da última cúpula do Mercosul, ocorrida em Montevidéu, em dezembro de 2022. Durante as reuniões desta semana, o presidente uruguaio criticou o que chamou de “imobilismo do bloco”. Já o chanceler Francisco Bustillo sugeriu a possibilidade de o país deixar de ser membro fundador e permanecer apenas como Estado associado do Mercosul.
Com a não assinatura do comunicado e as divergências em relação à direção futura do bloco, o posicionamento do Uruguai destaca uma fissura dentro do Mercosul, levantando questionamentos sobre o futuro da união aduaneira e a possibilidade de uma reconfiguração nas relações entre os países membros.